quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Autonomia Operária e autonomia dos proletários



Há cerca de dois anos, os jornais do Kapital italiano (todas as suas tendências, da democracia cristã ao PCI) esbravejam contra um novo "grupo": Autonomia Operária, o qual acusam de todas as "provocações" e das "ações de lumpen" ocorridas recentemente. Nos últimos dias, a campanha jornalística (sobretudo por parte da esquerda capitalista) contra os "provocadores" se intensificou, porque o capital italiano, em fase de reestruturação, não pode suportar a "atividade subversiva" dos companheiros que não aceitam mais pagar com sua própria pele o preço das várias "crises" capitalistas, ou melhor, o preço da existência do capitalismo. Companheiros que romperam com a lógica "política" dos partidos ou grupelhos leninistas e que, superando a falsa esfera da "política", alienante e separada, levam adiante um discurso baseado na exigência de negar a sobrevivência capitalista, a ditadura espetacular-mercantil que o domínio real do capital impôs.

Historicamente, nos momentos de explosão revolucionária, a classe operária sempre mandou à merda os padres radicais-burgueses socialistas, autodenominados comunistas, que alardeando serem seus representantes, edificaram templos e impuseram aos "representados" a peregrinação depois das horas de trabalho.

Desde suas origens, a classe operária soube criar momentos de organização e agrupamento além dos esquemas das várias organizações radicais-burguesas, sem esperar o messias revolucionário para resistir ao capitalismo. Inventou seus próprios meios e modos: das greves selvagens aos atos de sabotagem.

Começando em 1811, na Inglaterra, com o movimento luddista, primeira e grande expressão da autonomia operária, passando por junho de 1848, com as jornadas do proletariado revolucionário parisiense, continuando com A Comuna, em 1871, e, no século vinte, com as revoluções russas (enquanto duraram...) até 1968. Nestas experiências, o proletariado superou o limitado âmbito das reivindicações econômico-políticas; ou melhor, no momento em que o capital passou do domínio formal ao domínio real, o proletariado e com ele os proletarizados começaram um discurso total contra seu ser proletário (ou proletarizado), contra o trabalho, contra a sobrevivência capitalista, recusando a esfera separada da "política".

Concluindo, pode-se falar da autonomia dos operários, que tendem a negar sua sobrevivência enquanto tais e a afirmar sua vida enquanto comunistas, da autonomia dos proletarizados que negam a sociedade espetacular-mercantil pondo-se contra ela (fora dela, nenhum deles acredita). Coisa diferente é, no entanto, a organização "Autonomia Operária", que permanece no interior da lógica política, da ideologia marxista-leninista, da hipótese do "partido revolucionário", negando o contraste entre os dois conceitos:
a) o de partido, que implica uma ideologia, uma estrutura vertical, quadros dirigentes, militantes, simpatizantes, filiados, militarizados...;
b) o de revolucionário, que nega tudo isso e afirma a si mesmo, seu próprio corpo, suas próprias exigências (comunistas).

Esses companheiros (Autonomia Operária) partem de uma realidade revolucionária: a exigência de um desenvolvimento autônomo das necessidades proletárias, para repropor todavia a "militância revolucionária" (profissional) e o partido, com o único resultado de canalizar as exigências revolucionárias para os esquemas capitalistas da "política" e da "ideologia". Apesar de tomar por base premissas anti-revisionistas (o rechaço da função conscientizadora do partido e do aparelhamento do movimento autônomo) a Autonomia Operária organizada faz retornar pela janela o partido que havia sido expulso pela porta, burocratizando o conceito de "autonomia".

Neg/azione 1976


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