segunda-feira, 27 de agosto de 2012

ORGANIZAÇÃO CONSELHISTA





Teses para a abolição do trabalho


A ideologia do trabalho é o estratagema com que a sociedade atual consegue retardar sua ultrapassagem, já agora possível, no sentido de uma sociedade sem classes e livre da escravidão do trabalho.
O mercado mundial, na sua última fase: a troca de mercadorias materiais subsiste apenas como forma econômica em vias de superação; a forma mais evoluída, doravante realizada em escala planetária, é a troca de mercadorias ideológicas.

As ideologias, fundamento da atual riqueza das nações, são as mercadorias em sua moderna versão: o seu valor é proporcional à duração do consenso que conseguem garantir. Elas são a forma pela qual se manifesta o capital, e é através delas que o poder se exerce.

A ideologia permutada entre os estados, inclusive os "comunistas", será posteriormente distribuída ao proletariado, para ser consumida, no varejo. Vem imposta sob a forma de leis naturais: o trabalho como maldição contínua e a produção como necessidade inelutável.

Porém, a lógica do trabalho contém as condições para sua total superação. O capital poderia, hoje, reduzir o tempo de trabalho à metade: as forças que se dizem revolucionárias incluem nos seus objetivos a redução progressiva do tempo de trabalho, já que representam assim o dissenso consentido.

A produção imposta de mercadorias materiais e o consumo imposto de mercadorias ideológicas se identificam, e o regime salarial ocupa as 24 horas do dia, alternando as duas imposições. A jornada de trabalho é, doravante, de 24 horas: vida produtiva e vida cotidiana coincidem, desde já, na sua miséria.
Nenhuma forma de trabalho assalariado, mesmo que uma possa minimizar os inconvenientes da outra, pode eliminar os inconvenientes do próprio trabalho assalariado. Portanto, é necessário que o pensamento se arme durante a ação.

Na revolta proletária de Reggio Calabria - como antes, nas de Casetta e Battipaglia -, isso aconteceu. O proletariado se constituiu em ralé para lançar seu desafio consciente à inconsciência da ordem constituída. A solidão do proletariado, a aparência obscena e ameaçadora de suas insurreições deixam consternados seus opressores e falsos protetores.

Os companheiros napolitanos e os devastadores calabreses esclareceram, de uma vez por todas, que a nova luta espontânea começa sob o aspecto criminal e se lança na destruição das máquinas do consumo permitido.

Hoje, em Reggio, os motivos de revolta são considerados "fúteis". De fato, o proletariado não tem alguns motivos para rebelar-se, porque os têm todos; não há reivindicações particulares a apresentar ao poder, porque seu objetivo é a destruição de todo poder que não seja exercido pelos conselhos proletários.

Os Conselhos Proletários não exigirão nada menos do que a destruição desta sociedade, a abolição do trabalho, a eliminação violenta de toda instituição separada (escolas, fábricas, prisões, igrejas, partidos etc.), após o que existirá o poder decisório de cada um no poder unitário e absoluto dos Conselhos.

Os Conselhos Proletários nada mais serão do que o início da construção, por todos, da vida livre e feliz hoje relegada aos desejos e sonhos produzidos pela infelicidade da atual sobrevivência.

Proletários conscientes, que a maldição do trabalho seja maldita, que a inelutabilidade da produção se transforme no seu luto.

Panfleto distribuído pela Organização Conselhista, em outubro de 1970. Texto extraído de "Acheronte", 14/11/70, Turim.


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