quarta-feira, 17 de outubro de 2012

GUERRA E PAZ

Texto publicado em KAOS #1, 09/1997 (boletim aperiódico e experimental do Grupo Autonomia). "Método de investigação: assim que se pensou algo, perguntar em que sentido o contrário é verdadeiro." Simone Weil Historicamente, a guerra tem sido a conseqüência inevitável da exasperação dos antagonismos que dilaceram as sociedades baseadas na exploração do homem pelo homem. No capitalismo, a guerra é a última cartada da burguesia, incapaz de resolver a contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas e a estreiteza das relações de produção, para manter sua dominação de classe, subjugando o proletariado política e militarmente. Em contraposição aos partidos do capital (incluídos os marxistas-leninistas de todos os matizes), afirmamos que todas as guerras, onde quer que aconteçam e sejam quais forem os pretextos alegados, têm sempre o mesmo objetivo: manter e/ou reforçar o sistema de escravidão assalariada. Eis porque, na sua essência, todas as guerras são sempre a mesma guerra, a guerra do capital contra o proletariado. Com a derrubada do muro de Berlim e o subseqüente colapso do bloco imperialista russo, certas almas piedosas acreditaram que, enfim, com a chamada nova ordem mundial, não haveria mais guerras. Logo tiveram que reavaliar suas róseas profecias, pois as guerras continuavam eclodindo: na Europa, entre as nações da ex-Iugoslávia, entre russos e chechenos; na África, as "guerras civis" na Somália, em Ruanda, no Zaire e em Angola; além de inumeráveis conflitos de "baixa intensidade", no resto do planeta. Enquanto solução burguesa para a crise econômica, a militarização da sociedade quase sempre desemboca em guerras imperialistas. Antes de mais nada, cada burguesia declara guerra às massas trabalhadoras e exploradas de seu país. Desemprego, baixos salários, ataque generalizado às condições de vida da maioria população (não por acaso, exatamente aquelas pessoas que malvivem de salários, pensões e aposentadorias, e cuja pobreza a cada dia se aproxima da miséria mais humilhante) e a sistemática destruição de equipamentos e atividades que, na anterior configuração econômico-política do estado burguês, enfrentavam os problemas sociais de educação, saúde e habitação. Isto sem falar dos métodos de terrorismo estatal maciçamente utilizados contra os habitantes de regiões periféricas ou consideradas marginais ao investimento lucrativo do capital. Para a burguesia, guerra e paz são a continuação, com formas diferenciadas, da mesma política. Ou seja, quanto mais o capitalismo impõe sua paz social aos trabalhadores e oprimidos, tanto mais facilmente conseguirá impor as condições para a deflagração da guerra imperialista. A paz é o intervalo entre duas guerras, a pausa necessária às potências imperialistas para reforçar militarmente seu bloco político e subjugar seus respectivos proletariados, transformando-os em bucha de canhão da guerra que preparam. Só há uma maneira de impedir a guerra imperialista: impulsionando, estendendo e unificando a luta de classes, em escala mundial. À guerra, solução da burguesia para a crise do capitalismo, o proletariado terá de contrapor sua própria solução: a revolução social. Biblioteca virtual revolucionária

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